Meus caros leitores! Não acredito que estou escrevendo o último post desta série. Foi uma longa jornada: publiquei meu primeiro artigo neste blog em 14 de julho de 2016. Chamava-se “Como se escondendo seu rosto de nós”, e foi o artigo de abertura da série. Na ocasião escrevi: “Gostaria de começar com meu tema favorito –um tema pelo qual passei muitos anos pesquisando, escrevendo e orando: O Messias Oculto”–. Pensei que estava começando uma pequena série de vários posts; honestamente, eu não tinha certeza de que este tema iria manter o interesse dos meus leitores por tanto tempo. Mal sabia que isso ia ser uma jornada de meio ano, totalmente apoiada por seu grande interesse e comentários maravilhosos e profundos.
Então, o que fizemos durante este meio ano? Primeiro, nós examinamos o “Segredo Messiânico” do Novo Testamento no contexto de sua origem Judaica. Depois seguimos a ideia do Messias ‘oculto’ e ‘revelado’ através dos dois volumes escritos por Lucas. Vimos que uma mudança significativa aconteceu entre o Evangelho e Atos, depois da morte e ressurreição de Yeshua: durante Sua vida terrena, no Evangelho, Yeshua estava escondido, encoberto, e só depois da Ressurreição, em Atos, Sua messianidade se tornou, não só conhecida por seus discípulos, mas também proclamada dos telhados a todos alto e abertamente. Isso significa que, embora estivesse visível enquanto ele andava sobre a terra de Israel, Sua verdadeira identidade foi escondida de Seus conterrâneos, pois seus olhos estavam impedidos.
Por que e como seus olhos foram impedidos? Para responder a esta pergunta, estudamos as lições profundas –as ‘Chaves’ e as ‘Fechaduras’– do capítulo de transição do Evangelho de Lucas (Lucas 24). A história de Emaús de Lucas 24 nos mostrou muito convincentemente que os olhos dos dois discípulos foram impedidos somente pelo soberano Deus – porque ninguém mais pode impedir os olhos– . Assim, a história de Emaús fornece uma excelente transição do primeiro volume para o segundo volume dos escritos de Lucas –de uma época para outra– do Messias visível, mas oculto e, portanto, não reconhecido, para o Messias invisível, mas revelado. Esta transição se tornou a lição mais importante desta história. Lucas deixa muito claro que, não só as coisas visíveis não estão de acordo com a verdade interior mas, além disso, o visível pode realmente encobrir a verdade invisível. Em outras palavras, a verdade interior só se torna clara quando chegar a hora marcada e o visível já passou.
Ao falar sobre o Messias oculto como parte do plano de Deus para Israel, então nos voltamos para a história de José e seus irmãos no livro de Gênesis. Comparamos a revelação prematura do Messias a Israel, ao mordomo de José encontrar a taça no saco de Benjamin e, nesse momento, contando a eles como e por que a taça foi parar lá. O teste criado por José poderia produzir o efeito desejado apenas porque nem Benjamin nem seus irmãos sabiam a verdade naquele momento. Da mesma forma, o plano do Senhor foi possível somente porque Israel não sabia deste plano. José necessitava do arranjo com Benjamin para que os irmãos se arrependessem e se transformassem –mas o teste dos irmãos foi possível apenas porque o amor de José por Benjamin lhes era oculto–. Da mesma forma, todas as Nações são testadas com o que é mais próximo e querido ao coração de Deus: todos aqueles que receberam a salvação, graças a Israel, sendo “inimigos por causa (deles)”, estão sendo testados por Israel hoje. E, como na história de José, o ‘reconhecimento’ do ‘não reconhecido’ será possível somente após este teste estar completo. No entanto, como vimos na semana passada, para José liberar suas lágrimas ‘contidas’, deve haver um Judá que estará pronto para intervir e aproximar-se de José e estar disposto a sacrificar sua própria vida por causa de seu irmão e seu pai.
Antes de encerrar este tópico, gostaria de lembrar uma coisa muito intrigante que descobrimos na história da primeira reunião de José com seus irmãos: O verbo ‘ele os conhecia’, hikir (וַיַּכִּרֵם), e o verbo ‘ele fez-se estranho para com eles’, hitnaker, (וַיִּתְנַכֵּר אֲלֵיהֶם) são derivados da mesma raiz! Esta interação entre hikir e hitnaker, entre “reconhecido” e “fez-se estranho”, embora completamente perdida na tradução, é incrivelmente profunda. Todos nós conhecemos a história: nós sabemos que os irmãos não podiam e não deviam reconhecê-lo, e ainda esta raiz comum –esta essência comum– nos diz que o mistério é ainda mais profundo do que pensamos. José estava escondido, mas ele estava “como se” escondido. Fez-se um estranho, ele não queria que os irmãos o reconhecessem, –ainda que seus corações percebessem o que seus olhos não o fizeram–.
A quem foi revelado o braço do Senhor?[1] Falamos muito aqui sobre o mistério: o mistério do Messias sendo oculto – disfarçado – reconhecido – revelado. O mistério do Messias que estava –e às vezes ainda está– “como se escondendo Seu rosto de nós”. Este mistério pode ser oculto ou revelado. Lemos em Cantares de Salomão: Meu amado é como uma gazela.[2] Um comentário Judaico sobre este versículo diz: Como uma gazela aparece e depois desaparece, então o primeiro Messias apareceu a Israel e depois desapareceu deles.[3] Será que já se sentiu como se Ele apareceu para você e então desapareceu de você? Acredito que, esta é a mensagem deste tópico O Messias Oculto para cada um de nós pessoalmente: é preciso sempre lembrar que ‘disfarce’ e ‘ocultamento’ do Messias vem da mesma raiz como ‘conhecendo ‘ e ‘reconhecimento’– hitnaker and hikir–.
Agora estou trabalhando em um livro sobre o Messias Oculto. Tudo o que foi publicado aqui neste blog, bem como o que não foi publicado aqui, estará neste livro. Fique atento, em apenas algumas semanas você poderá requisitá-lo em meu site; enquanto isso, você pode conferir meus outros livros lá: http://readjuliablum.com/
Finalmente, gostaria de terminar esta série com um poema que escrevi há alguns anos atrás como um Epílogo para um dos meus livros (If you are the Son of God):
A PALAVRA PARA JERUSALÉM
Eis que nas palmas das Minhas mãos te gravei;
Os teus muros estão continuamente perante Mim.
Isaias 49:16
Quando o tumulto se acalmou através da terra,
Lágrimas silenciosas o único traço de seus lamentos,
Seus muros, para sempre inscritos nas Minhas mãos,
Preparado para ser perfurado pelos pregos.
Gritos abafados rompem a calma matinal:
Sangue escorria naquela véspera da Páscoa;
E o prego que foi cravado na Minha palma da mão viva
Deixaria uma marca eterna…
No brilho enegrecido do sol, o homem cego não podia ver,
Ao cego não foi dado perceber,
Que batendo aquele prego na cruz primeiro através de Mim,
Em seus muros ele foi aplicado,
* * *
Tendo agora ressuscitado, ainda carrego a mancha
Daquelas marcas aplicadas então pela humanidade;
Seus muros ainda permanecem nas palmas das Minhas mãos:
Você está adornada com aquelas velhas cicatrizes enferrujadas.
Cheia de inveja e rancor e indiferente a eles,
Sem feridas que o mundo cego recorda,
Aplicando aqueles mesmos pregos antigos, Ó Jerusalém,
Corajosamente em seus muros.
E mais uma vez, eles não sabem o que fazem
A Mim que vejo tudo de onde eu estou:
Cada vez que eles atingem seus muros, eles renovam
A dor na palma da Minha mão.
[1] Isaías 53:1
[2] Cantares de Salomão 2:7
[3] Pesikta Rabbati, Piska 15:10
Thanks for teaching very important words!
Muito bons, todos os artigos. Parabéns!
fiquei emocionada c o poema, Deus continue iluminando o seu entendimento. porque tem sido benção p nos, paz
I thank Lord for your work Julia!!
Que maravilha! Sem palavras! Obrigado, Julia Blum. Quero ler o seu livro (Messias Oculto) o quanto antes. Muito obrigado.
Perfeita explicação