José e seus Irmãos – e a Guerra de Israel

Queridos amigos, encontro-me numa situação difícil. Por um lado, este é um blog bíblico, e não devo gastar minha postagem mensal discutindo eventos atuais. Por outro lado, é praticamente impossível, vivendo em Israel, escrever sobre qualquer coisa que não seja a guerra nos dias de hoje. Suponho que só há uma solução aqui: deixar a Bíblia nos falar sobre esta guerra. É isso que tentarei fazer aqui.

A porção da Torá que estamos lendo esta semana é chamada Vayeshév inicia-se a partir de Gênesis 37, começando a última parte de Gênesis: A Saga de José. Não só li este capítulo uma centena de vezes e quase o sei de cor, mas também falei sobre ele inúmeras vezes e não conseguia acreditar que algo novo pudesse ser descoberto ali. Mas tal é a Palavra de Deus, é uma «Palavra Viva» ―ela realmente vive― e de repente, as palavras e frases que vocês leram centenas de vezes, são vivificadas e tornadas vivas e trespassam seu coração com uma nova revelação. Foi exatamente isso que aconteceu comigo com a porção da Torá Vayeshév, com o Capítulo 37 de Gênesis, quando toda a história do que vem acontecendo com Israel desde 7 de outubro me foi mostrada através deste capítulo. Eu gostaria de compartilha-la com vocês, então, vamos percorrer este capítulo juntos. Talvez haja uma mensagem profética oculta aqui que Deus deseja que vejamos!

Vayeshév

«Habitou (vayeshév) Jacó na terra onde seu pai era um estrangeiro, na terra de Canaã». A «História de José» começa em Gênesis 37:1, com a declaração de que Jacó habitou na terra de Canaã, a terra onde Abraão era apenas um estranho, um peregrino antes dele. Esta frase não deve ser esquecida: hoje soa como uma declaração muito solene! A palavra Hebraica yeshév significa não apenas «sentar», mas também «assentar» e «habitar». Jacó, cujo nome já é Israel neste momento, está firmemente estabelecido na mesma terra onde Abraão era apenas um hóspede e um estrangeiro. Esta terra agora é a terra de Israel! No segundo versículo encontramos o personagem principal desta saga, José, filho de Jacó. Ele tem apenas dezessete anos e, neste momento, provavelmente não é o rapaz mais agradável que vocês poderiam conhecer. «E o rapaz estava com os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, esposas de seu pai; e José trazia más notícias deles a seu pai». Por um lado, nós o vemos como um falador, ou mesmo um espião e ninguém gosta de espiões. Certamente, seus irmãos não ficavam felizes com isso.
3. E, no entanto, tudo isso realmente não importa, porque no próximo versículo descobrimos a verdadeira razão pela qual os irmãos odiavam José: «Ora, Israel amava José mais do que todos os seus filhos e é por isso que os irmãos o odiavam. Mas quando seus irmãos viram que seu pai o amava mais do que todos os seus irmãos, eles o odiaram e não podiam falar pacificamente com ele».4. Além disso, nos próximos versículos descobrimos que José não só era especialmente amado por seu pai, mas também foi escolhido e eleito por Deus para um plano especial. Os sonhos que José teve revelaram algum plano especial que Deus tinha para ele no futuro, e depois de cada um destes sonhos, os irmãos o invejaram e o odiaram ainda mais: «Agora José teve um sonho, e ele o contou a seus irmãos; e eles o odiaram ainda mais e (versículo 5); Então eles o odiaram ainda mais por seus sonhos e por suas palavras (versículo 8); e seus irmãos o invejaram (versículo 11)».

Esta é a peculiaridade deste capítulo que não pode passar despercebida: não creio que em toda a Escritura se encontre outro capítulo onde a palavra «odio» ocorra com tenta frequência. Talvez vocês já estejam começando a ver a conexão entre este capítulo e a situação atual de Israel: «Aqueles que me odeiam sem causa, são mais do que os cabelos da minha cabeça».[1]

Então observamos o plano de Deus sendo colocado em ação na vida de José. Primeiro, vemos Jacó enviar José para ver como estão seus irmãos, e nos perguntamos: O que aconteceu com Jacó? O que ele pensou ao enviar um rapaz de 17 anos sozinho nesta viagem aos seus irmãos hostis? Mas no versículo 13 lemos: «Israel disse a José: “Seus irmãos não estão apascentando o rebanho em Siquém? Venha, vou enviar você até eles”» e uma vez que lemos «Israel», sabemos que não é apenas o pai de José, Jacó, mas o próprio Deus através do seu servo Israel, enviando José nesta viagem.

No entanto, acho o versículo 15 ainda mais surpreendente: «Ora, um certo homem o encontrou, e lá estava ele, vagando pelo campo. E o homem perguntou-lhe, dizendo: “O que você está procurando?”». Assim, José chegou a Siquém e não encontrou seus irmãos; nesta altura, ele provavelmente poderia ter retornado para seu pai com a consciência tranquila, porque ele foi exatamente para onde seu pai lhe disse para ir. E ainda assim, ele conhece alguém lá. Quem era esse alguém? Em Hebraico, é ísh, «um homem», e seu nome anônimo sugere uma comparação com o homem anônimo que lutou com Jacó em Penuel. Portanto, podemos supor que foi um anjo ou algum ser divino, esta é a opinião predominante nos comentários Judaicos. O que é interessante, porém, é que este anjo não o afastou dos seus irmãos, não o avisou da ameaça que se aproximava: Não, ele o enviou diretamente para os irmãos! Tenho certeza de que quando José foi levado para o Egito mais tarde, ele ficou pensando: por que eu conheci este homem? Por que eu o ouvi? Por que não voltei de Siquém para casa? Mas o plano de Deus já estava em ação e a história deste anjo, por mais triste que pareça, deveria ser um encorajamento para nós: quando algo de errado acontece, cada um de nós tende a perguntar se perdeu a orientação de Deus, se estava fora da vontade de Deus. Mas, como vemos nesta história, às vezes Deus nos guia direto para o problema, e não para longe dele, especialmente seus escolhidos!

E agora – para os irmãos

«18. Agora, quando o viram de longe, antes mesmo de ele se aproximar deles, conspiraram contra ele para matá-lo. 19. Então eles disseram um ao outro: “Olha, este sonhador está chegando! 20. Venham, portanto, vamos matá-lo agora… Veremos o que acontecerá com seus sonhos!”».

Aqui está o ponto crucial: aqui entendemos porque queriam matá-lo! Eles queriam ter certeza de que nenhum dos planos de Deus, nada do que havia sido revelado em seus sonhos, aconteceria. Vocês veem a conexão novamente? Uma amiga minha comentou sobre este ponto enquanto lia este artigo: «Sim, vejo a conexão de uma forma poderosa! O inimigo tem inveja do plano de Deus como estamos testemunhando atualmente! O ciúme e o ódio estão inextricavelmente interligados. Acho que isso é fundamental para o que está acontecendo com os eventos atuais».

Suponho que José, enquanto se aproximava dos irmãos, sabia que eles não gostavam muito dele, afinal, ele era um rapaz inteligente. No entanto, a catástrofe que viveu, a humilhação, o abuso, o sofrimento físico, o ódio horrendo e avassalador, claro, ele não esperava nada disto, tudo foi um choque horrível. Da mesma forma, há muitos anos que Israel sabe que o Hamas não era amigo de Israel, para dizer o mínimo; no entanto, a catástrofe de 7 de Outubro, as atrocidades, a humilhação, os abusos, as torturas físicas, o ódio horrendo e avassalador, ninguém esperava nada disto, tudo foi um choque horrível!

Quando os irmãos venderam José para o Egito, eles tinham certeza de que a história estava encerrada, que eles haviam encerrado o plano de Deus para José. Como todos sabemos, o plano de Deus foi cumprido apesar da traição deles. As nações ao nosso redor querem acabar com o plano de Deus para com Israel: Eles disseram: «Venham e eliminemo-los dentre as nações, para que o nome de Israel não seja mais lembrado”». Como os irmãos de José: «Veremos o que acontecerá com seus sonhos!». No entanto, «Aquele que está sentado nos céus rirá». No caso de José, o plano de Deus foi cumprido mesmo apesar do ódio e da traição dos irmãos —e veremos o mesmo no caso de Israel— o plano de Deus será realizado, apesar das abominações do Hamas e seus apoiadores e apesar de todo o ódio e traição que temos enfrentado desde 7 de outubro!

[1] Salmo 69:4.

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José E Seus Irmãos – E A Guerra De Israel

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