Meus queridos leitores, mais uma vez seus comentários me levaram a adiar, por enquanto, meus próprios planos. Eu estava planejando preparar uma pesquisa da figura do Cordeiro no Tanach antes de entrarmos na Páscoa, e nós definitivamente o faremos na próxima vez. No entanto, porque muitos de vocês reagiram tão fortemente à discussão de Gênesis 22 no meu último post, por agora fui levada a escrever sobre o Aqedah. Na próxima vez, continuaremos com nossa pesquisa da figura do Cordeiro.
***
As coisas secretas pertencem ao SENHOR nosso DEUS: mas as coisas reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre, para que possamos cumprir todas as palavras desta lei.[1] Pela grande misericórdia de Deus, esta conexão entre as coisas secretas e as reveladas está absolutamente viva: ainda hoje o Senhor fala conosco através de Sua Palavra, continuando a revelar as coisas secretas. Vamos visualizar essa montanha, a localização de um dos eventos mais estranhos na história de Israel. Vemos o velho pai que com suas próprias mãos amarra seu filho amado e o coloca no altar. Faca na mão, ele já estendeu o braço para matá-lo, mas… interrompido por uma voz do céu, ele olha para cima e vê um carneiro preso no mato por seus chifres, que ele então sacrifica em holocausto no lugar do filho originalmente destinado para este sacrifício.
Quando olhamos para trás, para esta montanha e para estas três figuras, nossos corações tremem com a consciência desse segredo, com o antegozo de um mistério de Deus incrivelmente importante e apenas parcialmente compreendido, ainda não revelado: esse quadro é como um capítulo de Suas premeditações e planos para a história do mundo. Esta morte há muito tempo atrás do cordeiro sacrificial, que ocorreu talvez antes mesmo do início dos tempos, mas de alguma forma ainda ressoa hoje, excede todos os limites da história, do tempo e do fim do mundo. Por quê? O que é tão importante lá? Por que o pai teve que sacrificar seu filho? Quem era este filho, posto sobre o altar por seu pai? E este carneiro, preso no mato pelos chifres –o que ele simboliza?–
O que vocês acham –para quem era mais difícil– para o pai ou para o filho? Para aquele que, com sua própria mão levou seu filho amado ao altar, ou para aquele que, sem querer, foi levado para ser morto? Só se pode imaginar o que estava acontecendo no coração do pai enquanto ele andava pelo caminho, sabendo para que e para quem ele pegou o fogo em sua mão.[2] Abraão sabia muito bem a razão para subir nesta montanha. O filho, porém, não sabia de nada. Isaque estava, obviamente, perplexo, o tempo todo compreendendo cada vez menos o que estava acontecendo e onde estava o cordeiro para o holocausto.[3] No entanto, sem uma única queixa ele continuou a seguir seu pai em perfeita obediência e confiança. Ele foi levado como um cordeiro para o matadouro.[4] Imagine um filho obediente, ascendendo a montanha atrás de seu pai com uma pesada carga de lenha nas costas (mesmo a Midrash diz: “como alguém que carrega sua estaca no ombro”[5]), não tem a menor idéia do que o espera lá no topo. Ele amava seu pai e sabia que seu pai o amava. Ele nunca poderia imaginar que seu pai lhe fizesse algo que fosse inconsistente com sua percepção do amor paternal do qual ele era o objeto. Considere o que Isaque deve ter experimentado quando seu pai, cujo amor por ele foi o fundamento inabalável de sua vida, começou a prendê-lo no altar em cima da madeira, e levantou a mão com a faca sobre ele… Imagine o horror nos olhos de seu filho, se você tivesse feito isso com ele –horror–, nem mesmo em face da morte, como o horror da incompreensão absoluta do que seu pai adorado e amoroso está fazendo com ele e onde seu amor desapareceu. Este horror teria sido totalmente experimentado pelo amado filho de Abraão, antes que o julgamento terminasse como o fez (e não é nenhuma surpresa que muitos anos depois, o filho de Isaque Jacó ainda está chamando Deus: “O Medo de Isaque“[6]).
Esta história ressoa com um mistério que as palavras não podem descrever completamente. É o mistério do relacionamento pai-filho, gradualmente exibido cada vez mais plenamente conforme o par continua a viagem para o topo da montanha. Considere: este é um caminho traçado que o pai leva seu filho –um caminho em que o filho começa como apenas um filho, mas no qual ele encontra fim em um altar–. Um caminho em que, ao passar por ele, o filho torna-se o cordeiro, com ninguém menos que o próprio pai levando-o a ser sacrificado. Aquele que, até agora era simplesmente um filho amado, é transformado neste caminho no cordeiro a ser oferecido pelo pai. E o aspecto mais insondável, o mais torturante, trágico em tudo isso é que o próprio filho ainda não sabe disso. Ele sabe que ele é o filho amado de seu pai, mas com cada passo no caminho, cada um tomado na completa ignorância, quanto mais perto ele chega do altar, mais completa se torna a sua transformação. Com o coração trêmulo pela agonia, o pai leva o filho/cordeiro para o seu abate. Nisto está o mistério e o segredo do plano do Pai, o amor do Pai e a eleição do Pai –O Mistério da Filiação–.
‘Deus providenciará para si o cordeiro para o holocausto’[7] Abraão diz a Isaque, e embora lá na montanha, a princípio, vemos apenas duas figuras –Abraão e Isaque–, pai e filho –depois de um tempo, há alguém mais no cenário–: o carneiro preso no mato por seus chifres.[8] O cordeiro, que Deus proveu para Si mesmo para o holocausto! Nem Abraão nem nós, os leitores, pudemos ver como e quando o carneiro chegou lá; ele simplesmente estava lá, e tinha estado desde o início. Em fontes Judaicas, este carneiro é considerado uma criatura de grande importância e está incluído na lista das coisas criadas no crepúsculo no final do sexto dia da Criação.[9] A totalidade do projeto de Deus para as gerações, Seu plano completo para a humanidade, está dentro desta cena. No início, há dois: o pai e o filho; no entanto, na dispensação da plenitude dos tempos[10] verifica-se que há também o Cordeiro, que desde a criação do mundo, foi destinado ao sacrifício. “Eu ouvi por trás do Véu Celestial estas palavras: ‘Não Isaque, mas o carneiro predestinado para o holocausto’”.[11] O Cordeiro morto desde a fundação do mundo substitui, no altar, aquele que o próprio Pai chamou Seu filho e primogênito.[12]
Da próxima vez, como mencionei, vamos continuar com nossa pesquisa da figura do Cordeiro. Entretanto, à medida que nos aproximamos da Páscoa, tempo de presentes e bênçãos, eu gostaria de abençoá-los com um presente de um manuscrito gratuito sobre o cordeiro da Páscoa que escrevi. Vocês podem baixar o manuscrito do meu site: http://readjuliablum.com
[1] Deuteronômio 29:29
[2] Gênesis 22:6
[3] Gênesis 22:7
[4] Isaías 53:7
[5] Midrash Rabbah, 53:6
[6] Gênesis 31:42, 53
[7] Gênesis 22:8
[8] Gênesis 22:13
[9] Pirkey Avot, 5:9
[10] Efésios 1:10
[11] Haggadah: Contos, provérbios, ditos do Talmud e Midrash
[12] Se vocês quiserem ler mais sobre o mistério do Aqedah (sacrifício de Isaque) e o significado deste sacrifício para Israel, vocês podem se interessar em ler meu livro: “If you are the Son of God”.
Maravilha de comentário. Nisso está arraigada nossa fé. obrigado!
SOMOS DEPENDENTES DA SABEDORIA DE ADONAI YESHUA RAMACHIA!
ALELUIA!