Hoje é o nosso Dia da Independência e é uma grande alegria e privilégio parabenizar meus leitores pelo 74º Aniversário de Israel. A maioria dos meus leitores, por anos ou mesmo décadas, tem intercedido fielmente pela terra e pelo povo tem estado junto com Israel e o Deus de Israel. Portanto, esta também é sua alegria e sua celebração!
Alguns de vocês provavelmente sabem que nosso Dia da Independência começa imediatamente após o nosso Dia da Recordação. Yóm HáZikarón, o Dia da Recordação dos soldados mortos e vítimas do terror, é um dia nacional de luto, e considerando o número desproporcionalmente alto de famílias órfãs, uma contagem quase impossível de entender para um país tão pequeno como o nosso, só podemos imaginar como este dia é de partir o coração. Portanto, uma das experiências mais peculiares que se pode ter em Israel é essa transição incrivelmente chocante do dia mais difícil e trágico do ano para o dia mais alegre e festivo do ano! Já é difícil que esses dois dias se sigam, mas se eu lembrar a vocês que em Israel o dia começa ao pôr do sol, essa transição se torna quase surreal. «E houve tarde e houve manhã» – Yóm HáZikarón, Dia da Recordação, o dia mais difícil do ano de Israel: memórias, cerimônias, sirenes, lágrimas; e depois, mais uma vez: «E houve tarde e houve manhã», e com lágrimas ainda nos olhos, o país mergulha nas festividades do Dia da Independência.
É claro que muitas perguntas poderiam ser feitas nesses dias especiais, todas relacionadas ao relacionamento Israel/Árabe ou Isaque/Ismael. Não deveríamos procurar respostas nas Escrituras? Não deveríamos tentar reconhecer a realidade espiritual baseada na Bíblia na vida cotidiana desses dois povos diferentes, que são incrivelmente próximos e incrivelmente hostis ao mesmo tempo? Escrevi várias vezes que acredito que Deus fala conosco, ainda hoje, por meio de porções semanais da Torá e às vezes, quando a Parashá parece especialmente importante, sinto-me impelida a falar sobre isso. Este é o caso da porção da Torá da semana passada, Ajeréi Mót, e é tendo como pano de fundo os dias da recordação e da independência que abordamos esta porção hoje.
O misterioso Levítico 16 discute o serviço especial de Yóm Kipúr no Tabernáculo e no Templo. O capítulo descreve os destaques deste serviço: o sacrifício de um bode como oferta pelo pecado, a confissão do Sumo Sacerdote em nome de Israel, sua entrada no Santo dos Santos e a expedição do Bode Azazél. Vamos ler esses versículos juntos:
«Também tomará ambos os bodes, e os porá perante o Senhor à porta da tenda da congregação. Lançará sortes sobre os dois bodes: uma para o Senhor, e a outra para o bode emissário. Arão fará chegar o bode, sobre o qual cair a sorte para o Senhor, e o oferecerá por oferta pelo pecado. Mas o bode sobre o qual cair a sorte para o bode emissário, será apresentado vivo perante o Senhor, para fazer expiação por meio dele e envia-lo ao deserto como bode emissário».[1]
As ofertas pelo pecado e pela culpa eram comuns no antigo Israel, mas esta cerimônia era absolutamente única. Porque isto é assim? Como escreveu Charles Feinberg: «nenhuma verdade mais significativa poderia envolver a mente do crente do que aquelas apresentadas neste capítulo de Levítico». Então, qual é o significado desta cerimônia? E qual é a conexão entre Levítico 16 e nosso Dia da Independência?
Há muitos comentários sobre Levítico 16, tanto Judaicos quanto Cristãos. Hoje, no entanto, quero que vocês vejam a profunda conexão que, por algum motivo, foi ignorada por séculos. Anos atrás, eu estava escrevendo um livro sobre os filhos de Abraão, Isaque e Ismael e para minha grande surpresa, para desvendar o antigo mistério de Abraão e seus dois filhos, Deus me levou à chave bíblica de Levítico 16. Antes desse livro, passei muito tempo contemplando o sacrifício de Isaque em Gênesis 22. No entanto, quando comecei a escrever o livro, comecei a ver Gênesis 21 lado a lado com Gênesis 22. Comecei a perceber que Abraão teve que sacrificar os dois filhos; que na verdade não havia um, mas dois sacrifícios na vida do velho patriarca; que Gênesis 21 —o banimento de Ismael— também foi extremamente torturante e doloroso para Abraão e que se tratava tanto de sacrifício como Gênesis 22. Claro, não há ponto de comparação; não podemos perguntar a Abraão se Gênesis 21 ou 22 foi mais difícil para ele, ou o que mais o devastou. Os dois filhos de Abraão foram escolhidos para dois destinos completamente diferentes e, portanto, esses dois capítulos são muito diferentes. Ainda assim, ambos os capítulos falam sobre sacrifício, e nada torna isso mais claro e convincente do que Levítico 16!
Fiquei absolutamente chocada quando vi a incrível semelhança entre Levítico 16 e Gênesis 21 e 22. Quão perfeitamente o duplo sacrifício de Abraão se reflete no sacrifício dos dois bodes! Abraão teve que sacrificar dois filhos: um foi enviado ao deserto, o outro oferecido como holocausto. Da mesma forma, o Sumo Sacerdote tinha que sacrificar dois bodes: um era enviado ao deserto, o outro, queimado como oferta.
Como eu sei que essa conexão, entre Gênesis 21-22 e Levítico 16, não é apenas algo forçado pela minha imaginação? Bem, eu tenho provas sólidas desta conexão. Como a maioria de vocês sabe, as Grandes Festas são os pontos fundamentais no ano civil de Israel. Estes dias, começando em Rósh HáShaná e terminando com Yóm Kipúr, são muito importantes para quase todos em Israel e eles são claramente muito importantes para Deus. Portanto, é impossível ignorar o fato surpreendente de que a leitura de Rósh HáShaná consiste em Gênesis 21 e 22, enquanto a leitura de Yóm Kipúr é Levítico 16. Isso torna essa conexão muito clara, não é?
Levítico 16 pode nos ajudar a entender melhor a dinâmica Isaque-Ismael. Um bode expiatório era enviado vivo para o deserto enquanto outro era sacrificado! Neste sentido, Ismael deveria estar feliz por não ser o escolhido para a morte. Muitas vezes penso que se Gênesis 22 tivesse vindo antes de Gênesis 21, toda a história da humanidade poderia ter sido completamente diferente: em vez de inveja e ciúme, Ismael teria compaixão por seu irmão e gratidão por seu próprio destino. A terrível hostilidade e tensão que marcaram grande parte do relacionamento Isaque-Ismael pode não ter existido desde o início. No entanto, este não é o caso, e podemos perguntar, por quê? Por que estes capítulos fundamentais são definidos nessa ordem específica?
Eu acredito que esta ordem inversa é parte do mistério que o Senhor quer nos revelar aqui e vocês podem ler meu livro para descobrir esse mistério. Um dos principais temas deste livro é o de restaurar o que foi quebrado e tornando-o inteiro novamente. É por isso que me volto para as Escrituras: precisamos de um raio-X espiritual aqui. Sim, claro, a vida real é muito mais complexa e multifacetada do que uma história bíblica, mas não é assim também com um raio-X? Uma pessoa é muito mais complexa e única do que seus raios X mostram: não vemos características pessoais em um raio X; não podemos reconhecer o indivíduo pelo seu raio-X, e ainda, um raio-X é definitivamente necessário para ver o que deve ser curado: para ver onde está a fratura e o que deve ser feito para curá-la. O quebrado tem que ser curado! «Abraham had two sons»—e o retrato da família não estará completo até que ambos estejam neste retrato. Estes são os meus pensamentos sobre o nosso Dia da Independência.
[1] Levítico 16:7-10.
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