43 No dia seguinte Jesus resolveu partir para a Galiléia, e achando a Felipe disse-lhe: Segue-me. 44 Ora, Felipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. 45 Felipe achou a Natanael, e disse-lhe: Acabamos de achar aquele de quem escreveram Moisés na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. 46 Perguntou-lhe Natanael: Pode haver coisa bem vinda de Nazaré? Disse-lhe Felipe: Vem e vê.
No Evangelho de João, lemos sobre muitas testemunhas. Todos estão testemunhando. O contexto literário parece um tribunal em que as testemunhas são chamadas para contar suas histórias onde interagiram com Jesus ajudando a construir a causa do autor. Quando chegamos ao final do primeiro capítulo, encontramos outro tipo de testemunha – Natanael.
A primeira reação de Natanael à afirmação de Felipe de que ele e outros haviam encontrado o Messias foi bastante decepcionante em Jo 1:46: “Pode alguma coisa boa vir de Nazaré?”, apesar de Nazaré ser uma pequena aldeia. Na verdade, de acordo com conclusões arqueológicas ela tinha não mais de 150 habitantes. Ela foi descrita mais tarde pelos romanos com uma cidade de grande população judaica, a apenas 30-45 minutos a pé, de maneira que serviu como um centro administrativo – Tzipori (Séforis). Jesus deve ter vivido lá na infância e na juventude, acompanhando seus pais residentes em Nazaré em todos os tipos de assuntos relacionados com a vida na Palestina romana.
No entanto, não é facilmente perceptível porque Nazaré receberia uma avaliação tão negativa (Jo.1.46). Embora isso precise ser considerado, é possível que fosse pequena mesmo pelas medidas do tempo de assentamento de Nazaré e era conhecida como uma espécie de centro de afiliados Judaicos na Galiléia e, portanto, para aqueles que não gostavam dos líderes de Jerusalém da época (ou de Jerusalém como um todo) a filiação ideológica judaica de Nazaré foi claramente negativa e significava que eles eram de fato os representantes regionais de Jerusalém, na Galiléia. O nome da vila, provavelmente, veio do hebraico Isaínico significando “filial” (Netser) pode indicar a primeira opção. De acordo com Lc. 4: 16-30 o assentamento de Nazaré rejeitou Jesus radicalmente , embora fosse sua “cidade natal”. Isto pode apoiar a ideia de que esta aldeia junto com a vila de Cana [1] foi um desses lugares que foi considerado estar sob o controle religioso de Jerusalém e a influência do “Hoi Ioudaioi” como discutido em comentários das seções anteriores.
O Evangelho de João pinta um quadro muito “claro” da grande recepção de Jesus na Galiléia e sua rejeição na Judéia. Quase todas as vezes que Jesus é aceito isso acontece na Galiléia, enquanto suas rejeições são quase exclusivamente ligadas à terra da Judéia. Vale ressaltar que, no Evangelho de João não menciona outra importante história de rejeição de Jesus na Galileia. É possível, portanto, que “os seus não o receberam” (Jo.1.11) deva ser lido em conexão com a grande rejeição de Jesus na Judeia, centrada em Jerusalém. Jesus era centrado em Jerusalém, judeu galileu centrado no Templo que não foi aceito pelos seus, nem em Jerusalém, e nem nos assentamentos da Galileia controlados por Jerusalém.
© By Eli Lizorkin-Eyzenberg, Ph.D.
[1] Os jarros de água para a purificação dos hoi Iudaioi (“judeus”) também estiveram presentes na Cana Jn.2.6
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