Para Um Tempo Como Este…

É tempo de Purím e claro, falaremos sobre Purím hoje. Em quase todos os lugares, o festival de Purím é celebrado no dia 14 do mês Hebraico de Adár. Este ano, na maioria dos lugares, o Purím começou na noite de quarta-feira, 16 de março e continuará até quinta-feira, 17 de março. Em Jerusalém, no entanto, Purím começará na noite de quinta-feira, 17 de março, e terminará na noite de sexta-feira, 22 de março. (Sabem por quê?) Enquanto vocês leem este artigo, crianças e adultos, fantasiados e com muita alegria, estão ouvindo a Megilát Ester (o Rolo de Ester). O rolo inteiro deve ser lido durante esta noite festiva é uma das «obrigações» desta querida festa.

Purím não está entre os feriados que Deus ordenou que Israel guardasse: não se encontra em Levítico 23. Então, por que o celebramos e o que celebramos?

O mal anulado

Suponho que todos vocês leram o Rolo de Ester e, portanto, sabem que o Purím comemora a salvação do povo Judeu na antiga Pérsia da intenção de Hamã de «destruir… todos os Judeus, jovens e velhos, crianças e mulheres, em um único dia».[1] A história é assim: expulsos da terra santa, muitos Judeus se estabeleceram nas diferentes cidades do Império Persa. Alguns viviam na capital da Pérsia, Susã. O rei do Império Persa, o Imperador Assuero, estava procurando uma nova esposa e, assim, uma linda e pura menina Judia, Hadassa, uma órfã criada por um Judeu devoto chamado Mordecai, tornou-se rainha deste império mundial: a Rainha Ester.

Segundo a história, Mordecai se recusou a inclinar a cabeça em homenagem a Hamã, que era Primeiro-Ministro do Imperador Assuero. Enfurecido, Hamã paga o rei para decretar o genocídio de todos os Judeus. O dia escolhido pelo sorteio de Hamã (púr) foi 13 de Adár. Daí, a propósito, o nome do feriado: Purím.

Em seguida, testemunhamos uma conversa incrível entre Mordecai e a Rainha Ester: Mordecai conta a ela sobre a trama de Hamã e o decreto do rei, e pede que ela salve seu povo. Ela está cheia de dúvidas no início, e então Mordecai fala estas palavras bem conhecidas: «Porque, se de todo te calares agora, de outra parte se levantará para os Judeus socorro e livramento, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal conjuntura como esta é que foste elevada a rainha?».[2]

Mordecai reuniu os Judeus para jejuar e orar, Ester também jejuou e orou por três dias e, como resultado, o milagre aconteceu e o mal foi anulado. Ester conseguiu convencer Assuero a enforcar Hamã e permitir que os Judeus se defendessem. No dia 13 de Adár, batalhas foram travadas em todo o Império entre os Judeus e aqueles que procuravam destrui-los. No dia seguinte, 14 de Adár, tornou-se um dia de celebração da vitória Judaica que se seguiu. Como a batalha em Susã durou dois dias, a celebração foi realizada em 15 de Adár. Assim, estes dois dias foram instituídos como o festival de Purím: 14 de Adár em cidades não muradas e 15 de Adár em cidades muradas. Hoje, a única cidade em que o Purím é celebrado no dia 15 de Adár é Jerusalém.

Meguilát Ester: o nome profundo de um rolo profundo

A essa altura, vocês já devem conhecer a característica mais singular deste rolo: é o único rolo da Bíblia que não menciona Deus explicitamente. Por quê? Podemos responder a essa pergunta enquanto lemos o rolo inteiro. A palavra «Deus» não aparece abertamente no rolo porque muitas vezes Deus permanece oculto em nossas vidas até que o reconheçamos e sua caligrafia nas circunstâncias e eventos que se desenrolam. Muitas vezes é apenas em retrospectiva que podemos ver claramente Deus agindo na história de nosso mundo, ou em nossas vidas: na maioria das vezes, a salvação divina é «disfarçada» em eventos comuns, «escondida» no que pode ser percebido como uma série de «coincidências». O Rolo de Ester nos diz que não precisamos desanimar se não «sentirmos» a mão de Deus em nossas vidas agora. Não precisamos perguntar: «Onde está Deus hoje?». Um dia, olharemos para trás e veremos claramente sua mão em retrospectiva. Esta é a mensagem deste roloe é também a mensagem do seu nome!

As palavras Meguilát Ester (o Rolo de Ester) refletem essa dinâmica surpreendente: o nome (אסתרEster) pode estar relacionado à palavra nistár: «escondido», «oculto»; enquanto a palavra Meguilát está relacionada com a palavra megalé: «revelar». Assim, as palavras Meguilát Ester podem ser traduzidas literalmente como «a revelação do oculto», um nome incrível para um rolo incrível!

Zajór

Da última vez, falamos sobre Shabát Zajór (Shabát [de] lembrança שבת זכור) —o Shabát imediatamente anterior ao Purím—. Neste Shabát, ouvimos o nome de Amaleque em todas as leituras adicionais, tanto no Maftír quanto na Haftará. O Maftír vem de Deuteronômio 25 e fala sobre o mandamento de Deus «para apagar a memória de Amaleque de debaixo do céu»[3] e Haftará —a leitura dos profetas— vem de 1 Samuel 15 e nos fala sobre o Rei Saul. Por quê?

Essas Escrituras revelam o início oculto do Rolo de Ester. Sem dúvida, é mais uma razão para ver Deus por trás de todos os eventos do Purím; mais uma razão para saber que ele é aquele que orquestrou estes eventos.

Na leitura de Deuteronômio, Deus ordenou «apagar a lembrança de Amaleque de debaixo do céu». Portanto, em 1 Samuel 15, «Samuel também disse a Saul… Vai, pois, agora e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver, nada lhe poupes…

E Saul atacou os Amalequitas, desde Havilá até Sur, que fica a leste do Egito…  Mas Saul e o povo pouparam a Agague e o melhor das ovelhas e dos bois, e os animais gordos e os cordeiros e o melhor que havia, e não os quiseram destruir totalmente…».[4]

Quando Saul poupou Agague, ele claramente desobedeceu ao mandamento de DeusLogo depois disso, ele foi rejeitado como rei. Lemos no mesmo capítulo: «Ora, veio a palavra do Senhor a Samuel, dizendo: “Arrependo-me de haver constituido rei a Saul; porquanto deixou de me seguir, e não executou  as minhas palavras”».[5]

Ora, qual era a linhagem de Saul?

«Havia um homem de Benjamim, cujo nome  era Quis, filho de Abiel, filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afia, um Benjamita, homem de bens. Tinha ele um filho, cujo nome era Saul, moço, e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro mais belo do que ele».[6]

Agora, de volta ao Rolo de Ester:

Ester 3:1 «Depois destas coisas o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho de Hamedata, o agagita».

Ester 2:5 «Em Susã, a cidadela, havia um certo Judeu, cujo nome era  Mordecai, filho de Jair, filho de Simei, filho de Quis, um Benjamita».

Então, na verdade, a história do Purím começou séculos antes dos eventos descritos no Rolo de Ester. O Rei Saul, da linhagem de Quis, foi ordenado a destruir Agague, o rei dos Amalequitas mas ele não o fez. Sabemos que o próprio Samuel teve que matar Agague e, nesse ponto, a história parecia ter acabado. Certas leis existem no mundo espiritual, porém, elas são invisíveis e, portanto, muitas vezes ignoradas; no entanto, essas leis são tão invioláveis quanto a lei da gravidade. Portanto, a linhagem de Agague e a linhagem de Quis tiveram que se encontrar novamente no futuro: Mordecai teve que destruir o descendente de Agague, Hamã, porque Saul não destruiu Agague.

 

 

JÁG PURÍM SAMÉAJ, MEUS CAROS LEITORES! QUE TODOS NÓS VEJAMOS MILAGRES NESSES DIAS E QUE A ALEGRIA DO PURIM PREENCHA NOSSOS CORAÇÕES E CASAS!

[1] Ester 3:13.

[2] Ester 4:14.

[3] Deuteronômio 25:19.

[4] 1 Samuel 15:3-9.

[5] 1 Samuel 15:10,11.

[6] 1 Samuel 9:1.

 

As perspectivas que vocês leem nestas páginas são típicas do que compartilhamos com nossos alunos durante os cursos de DHB (Discovering the Hebrew Bible/ Descobrindo a Bíblia Hebraica) ou WTP (Weekly Torah Portion/ Porção Semanal de Torá). Se esses artigos despertarem seu interesse por descobrir os tesouros escondidos da Bíblia Hebraica ou estudar em profundidade a Parashát Shavúa, juntamente com os conhecimentos do Novo Testamento, ficarei feliz em fornecer mais informações (e também um desconto de professor para os novos alunos) em relação aos maravilhosos cursos da eTeacher: (juliab@eteachergroup.com).

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About the author

Julia BlumJulia is a teacher and an author of several books on biblical topics. She teaches two biblical courses at the Israel Institute of Biblical Studies, “Discovering the Hebrew Bible” and “Jewish Background of the New Testament”, and writes Hebrew insights for these courses.

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