2 Ora, há em Jerusalém, próximo à Porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebraico Betesda, que tem cinco colunas cobertas. 3 Nestas jazia grande multidão de enfermos-cegos, coxos e paralíticos. [1] 5 E estava ali um homem que tinha sido um inválido por trinta e oito anos.
Quando se trata de determinar o nível de confiabilidade histórica do evangelho, a história que terminará na cura de um paralítico é uma das unidades textuais mais fascinantes do Evangelho de João. Muitos não consideravam o Evangelho de João historicamente confiável, até a descoberta do tanque com cinco colunatas cobertas perto da Porta das Ovelhas. Pensou-se que o evangelho seria ou alegórico (verdadeiro apenas no sentido semelhante à literatura apocalíptica) ou simplesmente impreciso (escrito por alguém que não era da Judéia e não totalmente familiarizado com a geografia de Jerusalém). No entanto, graças à pesquisa incansável de arqueólogos, os dois tanques mencionados no Evangelho de João foram identificados -o Tanque de Betesda, em João 5:2 (imagem cortesia de Carta Jerusalém) e o tanque de Siloé, em João 9:7. Descobriu-se que o tanque mencionado neste capítulo tinha cinco colunas (conforme descrito no Evangelho), mas não era estruturado como um pentágono. Havia quatro colunas separadas no meio por outra, formando, assim, as cinco colunas.
É possível que estes tanques fossem instalações religiosas destinadas ao cerimonial de limpeza com água – mikvaot, associados ao Templo de Jerusalém; ou simplesmente reservatórios de água para consumo da população em geral (pelo menos em alguns períodos de seu uso). Mas também existem outras opções de interpretação.
Alguns arqueólogos que trabalhavam com esta descoberta por muitos anos, encontraram e escavaram várias figuras de cobra naquele tanque; indicando que a área pode ter abrigado um ramo do culto a Esculápio (Asclepius) em Jerusalém. Embora devamos ser cuidadosos para não assumir que sabemos estas coisas com certeza (por exemplo, nenhum dos artefatos ligados a Esculápio encontrados no local foram datados do primeiro século), algumas idéias interessantes podem ser consideradas. Então, dando algum espaço para os que negam, quem era Esculápio?
Esculápio era o deus da medicina e da cura na antiga religião grega. As filhas míticas do deus incluíam as deusas Hygeia e Panacea. Podemos ouvir seus nomes gregos em nossas palavras modernas para “higiene” e “panacéia” – conceitos-chave hoje associados com medicina e saúde. Cobras, claro, era um atributo essencial do culto de saúde e cura de Esculápio (ver área circulada na imagem de Esculápio). Até hoje um dos principais símbolos da medicina moderna é uma vara com uma cobra em torno dela.
Agora pare e pense por um momento. Porque, se isso é correto, nossa percepção de toda história descrita aqui pode mudar. Você vê que é possível que os cegos, coxos e paralíticos não estivessem esperando o Deus de Israel para curá-los, mas sim o ato misericordioso de cura por Esculápio. Nesse caso, o tanque de Betesda (casa de misericórdia em Hebraico) não tem que ser absolutamente um local Judaico, mas sim uma instalação afiliada ao Grego Esculápio. Isto, obviamente, seria consistente com Jerusalém e Judéia completamente Helenizadas, no tempo de Jesus. Nós já sabemos que este é o caso de muitos estudos históricos e arqueológicos.
É muito importante notar que, nesta cura particular Jesus não ordena ao que ele curou para ir se lavar no tanque (tanque de Betesda), quando se trata da cura do homem cego, ele dá ordem para que ele fosse se lavar no tanque de Siloé (João: 6-7). Portanto, parece que enquanto o tanque de Betesda era um lugar pagão, o tanque de Siloé não era. Claro, Jerusalém era o centro para os Judeus religiosos nos dias de Jesus, mas também era um quartel-general para os ideais Helenizados na Judéia, que estava sob rigoroso controle Romano com a Fortaleza Antonia dominando a extremidade noroeste do Monte do Templo.
Portanto, como o autor do Evangelho continua a mostrar Jesus como a Palavra divina encarnada Logos/Memra do Deus de Israel, vemos a tensão real da história: Quem tem o poder de curar, o deus Grego Esculápio, ou o deus Judeu, através de seu filho real Jesus? [2]
Veremos mais desta interessante polêmica à medida que continuarmos nosso fascinante estudo.
[1] Alguns manuscritos inserem, no todo ou em parte, ” esperando o movimento da água; 4 porque um anjo do Senhor descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água: quem entrasse na água pela primeira vez após a agitação era curado de qualquer enfermidade que tivesse. ”
[2] Isto é muito semelhante à polêmica entre religiosos antigos descritas na cura de Naamã (2 Reis 5). Na mente dos antigos, os rios eram concebidos como canais de bênçãos que vinham diretamente de deuses particulares do país. Será que os rios de Israel seriam melhores do que Abana e Farpar, rios de Damasco? (2 Reis 5.12 ) Será que o Deus de Israel vencerá o deus da Síria?
e lindo q Jesus não mandou o homem ir ao tanque, quem cura não e o lugar, mas o Deus de Israel . Gosto muito dos estudos, fiz o curso o contexto judaico do NT, a primeira parte, depois não tive condições de prosseguir
Vamos ao estudo então
Lindo estudo, gostaria de saber mais sobre o paralítico de betesda, tinha anjo ou não tinha. Obrigada por estes estudos.